Outro dia estava conversando informalmente com um grupo de amigos com os quais cursei minha graduação. Hoje, todos somos pós-graduados e atuantes em diferentes áreas de conhecimento. O tema da conversa era a competitividade do mundo acadêmico. Todos ali tinham sido estagiários, mestrandos ou doutorandos de um grande departamento de pesquisas no Centro de Ciências da Saúde na UFRJ. O que tínhamos em comum? Boas (ou péssimas?) histórias sobre nossos ex-orientadores.
Na verdade, quando nos encontramos neste nível, o de estudantes/aprendizes, ainda não compreendemos bem o jogo de poder entre os chefes de laboratório na disputa por espaços, recursos, status. Uma amiga relatou o caso de uma professora/pesquisadora já aposentada que simplesmente obrigou uma pesquisadora contratada em seu laboratório a "adicionar" seu nome em uma publicação na qual ela simplesmente não teve qualquer tipo de participação. Com isso, os currículos Lattes desses "pesquisadores de alto nível" vão engordando e dando a tortuosa impressão de que eles são, de fato, referências na área. Será que é por mera vaidade que esse tipo de pesquisador faz isso? Em alguns casos, pode ser que sim. Mas acredito que na grande maioria o que ocorre é a ganância, é a necessidade de construção de um "sobrenome" (no meio acadêmico somos conhecidos assim) que seja certificado de confiabilidade e, portanto, de injeção de verbas para o desenvolvimento de projetos de pesquisa, aquisição de materiais, bolsas de produtividade e por aí vai.
Conheço, pessoalmente, variados perfis de pesquisadores. Desde aqueles que deixam seus orientandos soltos, completamente perdidos, e que depois querem colher os louros de seus resultados ou simplesmente se eximir de qualquer tipo de responsabilidade por um trabalho de pouca qualidade... Até... Pesquisadores que são extremamente compromissados com a formação de seus alunos (de iniciação científica, de mestrado ou de doutorado) e que ajudam-nos a crescer, a se tornarem pesquisadores tão bons ou melhores do que eles. Falamos sobre isso em nossa conversa, existem orientadores que querem te fazer crescer, que se orgulham em ter feito parte de sua formação e não se sentem diminuídos pelo simples fato de que agora você está conquistando seu espaço e sendo reconhecido. Mas existem aqueles outros que te sugam, te puxam para baixo, e quando percebem que você tem seu brilho próprio, te podam.
Acredito que estes últimos não têm a percepção de seu papel formativo não apenas na vida acadêmica daquela pessoa, mas também na constituição nos valores éticos daquele sujeito. Todo pesquisador/orientador é professor e, por isso, tem que ser exemplo de boas condutas e demonstrar atitudes de bom caráter e profissionalismo. Ter uma boa formação é essencial. Mas nem tudo está perdido se tivermos alguns maus exemplos pelo caminho, não é mesmo?
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