Eu já havia
redigido o texto que postaria aqui no blog hoje mas mediante uma circunstância
divulgarei outro que tem a intenção de ser breve e questionador.
Na busca por
textos (relatos de pesquisas) que abordam o tema livro didático de ciências das
séries iniciais deparei-me com a dificuldade de encontrá-los e comecei a me
perguntar: “será que ninguém nunca pesquisou esse tema?”. Imediatamente
recordei-me que ao realizar a revisão bibliográfica de minha dissertação de
mestrado, cujo objeto de análise era o livro didático do ensino fundamental,
encontrei uma quantidade considerável de artigos que tinham esse mesmo objeto.
Será que neste conjunto de pesquisas não há nada sobre as séries iniciais? Para
não ser injusta, nessa busca que se concentrou em 2 ou 3 horas de trabalho na
internet, localizei três textos publicados em periódicos da área de educação em
ciências com esse foco. Mas... Apenas três? Será que as pesquisas sobre livro
didático que tantos revisores disseram que estavam saturadas não contemplam esse
tema? Ou será que quem está pesquisando isso simplesmente não divulga seus
resultados?
Assim, cheguei à
questão que me incomoda bastante desde que defendi o mestrado. Como promover a circulação dos conhecimentos
produzidos nas dissertações e teses da nossa área?
Existe, ainda, uma
enorme distância entre a produção do conhecimento na academia e a socialização
do mesmo com os pares e a comunidade escolar. Vários programas de pós-graduação
têm cobrado de seus alunos que publiquem (ou pelo menos submetam) um artigo
antes da defesa. A iniciativa é importante e fundamental para a formação dos
futuros mestres e doutores, porém, acredito que isso não seja suficiente para reduzir
o “gap” que existe entre a produção e o impacto das pesquisas na escola (quando
esta é o cenário ou pano de fundo do estudo).
Outra questão
fundamental, a qual não pretendo aprofundar, é a do financiamento das pesquisas
na forma de bolsas de estudo cedidas pelas agências de fomento. Ou seja,
dinheiro público é investido em diversas pesquisas que não dão qualquer tipo de
retorno à escola pública.
Já ouvi algumas
vezes a frase “dissertação e tese não devem ser feitas para enfeitar estante de
biblioteca”. Mas sinceramente? Ainda não tenho visto iniciativas efetivas de
diálogos entre os resultados das pesquisas e a escola. Tudo bem, nem toda pesquisa
é “diretamente” aplicável, no entanto, já acompanhei desdobramentos de teses de
cunho teórico que trazem reflexões importantes para o cotidiano escolar. A
crítica serve para mim também e eu sei que realizar um movimento nesta direção
não é algo trivial pois requer além do propósito a determinação em implementar
o diálogo entre a pesquisa e a escola. Percebo um movimento de inquietação em
algumas pessoas que estão na universidade e talvez isso já seja o início para
sairmos do cômodo posto de acadêmicos(as).
Um passo na direção de se tornar a pesquisa acessível a comunidade é a disponibilização das monografias/dissertações em forma digital pelas instituições de origem.
ResponderExcluirRafa, de fato disponibilizar as pesquisas em formato digital é fundamental. O básico, digamos assim. Mas no caso específico das pesquisas em educação é importante que as reflexões derivadas dessas pesquisas cheguem ao professor e aos gestores escolares. Se pensarmos bem, qual professor vai entrar nos sites dos programas de pós-graduação ou em bancos de dissertações e teses para procurar algo que seja próximo de questões práticas de seu cotidiano?
ResponderExcluirÓtima reflexão, Tatiana.O abismo entre a produção acadêmica e a realidade da sala de aula é um dos fatos responsáveis por manter a educação escolástica presa ao século XIX. O professor de sala de aula é muitas vezes menosprezado por seus pares "acadêmicos" Nos últimos 2 anos ajudei alguns pesquisadores da área de educação a aplicar questionários em sala de aula. Todos se comprometeram a voltar à escola e divulgar os resultados da pesquisa. Sabe quantos fizeram isso? Nenhum.
ResponderExcluirExatamente, Igor. Essa é uma questão importante: o retorno dos resultados das pesquisas às escolas. Colocando-me na posição de pesquisadora também devo destacar que essa volta é algo que merece atenção e investimento até mesmo de cunho metodológico e não apenas críticas. Delas têm que derivar novas ideias para que as pesquisas incluam em seus projetos a reflexão sobre o impacto (efetivo) de seus resultados nas práticas escolares. Abraço!
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