Em uma rede social onde tenho um perfil, vira e mexe, tem algum professor contando um "caso" especial de algum aluno ou vivenciado em alguma turma ou escola. Sempre paro para ler todos porque sempre fico buscando nas sutilezas, nas entrelinhas (como uma pretensa analista de discurso que sou), um algo a mais, um sentimento velado e, até mesmo, o viver pelo olhar do outro.
Sinto falta de estar em sala de aula com adolescentes. Eu gostava muito de dar aulas no ensino fundamental e ver meus e minhas alunos/as se descobrindo, descobrindo o mundo. Era o que eu mais gostava no magistério na educação básica. É a tal "boniteza" que Paulo Freire falava.
Então, quando leio os relatos de meus colegas professores atuantes nas escolas é como se eu pudesse vivenciar novamente um cotidiano que não é mais o meu. E, devo confessar, que faço isso não por mero saudosismo mas também por medo. Medo de me isolar no universo acadêmico, nas pesquisas sobre a escola que acabam perdendo a escola de vista (às vezes nunca nem sequer a tiveram em vista de fato), de viver a ilusão dos "alimentadores de currículo Lattes".
A escola é uma instituição que me fascina, por vários motivos. Não pretendo listá-los todos porém devo assumir um, talvez o que mais mexe comigo: acredito, ainda, que a escola tem poder de transformar a sociedade. E quando digo escola, no fundo estou me referindo aos professores, estes mesmos que eu contribuo para sua formação em minhas aulas na universidade. Por isso, acredito na formação de professores e encontrei ali o meu nicho e meu cenário de atuação. Mas tenho percebido que os professores que estão na escola são apenas um componente do sistema e, como disse um colega que muito admiro, se o sistema como um todo não mudar continuaremos agindo isoladamente.
Esse post que está se conformando como um depoimento tem muito a ver com uma situação que vivi recentemente e que muito me impactou. De forma bastante resumida tratou-se de participar de uma conversa de duas professoras aposentadas das redes municipal e estadual do RJ completamente desiludidas com a educação. O que uma delas disse, jamais me esquecerei: "eu já tive pena, eu já me importei, agora eu não sinto mais nada". (Entendam que não estou criticando em qualquer ponto a fala desta professora.)
A realidade que tira a esperança, que nos imobiliza, que quer que não nos importemos mais com um outro ser humano está aí. É a realidade da nossa sociedade. Mas eu descobri que eu ainda não estou pronta para desistir, nem quero sentir pena, fazer caridade. Eu - e sei que muito colegas professores também - quero justiça, igualdade social. E nem que seja por meio das minhas "aulinhas" (termo que já ouvi de professores universitários), das minhas pesquisas que "apenas" servem para encher currículo e comprar um equipamento
e das minhas ideias (que são muitas, por sinal) manterei-me firme no meu lugar de professora.
Tati, sinto que vc entendeu mto bem oq tentamos dizer. E realmente desejo que a sua pesquisa não seja pra um tipo de escola imaginária. Precisamos de pesquisa e principalmente de vontade de todos os interessados. Incluo-me nessa luta e confesso que ultimamente vivi semanas de horror, de completa frustração, confesso que quis desistir. Não lido bem com a rejeição, mas mudei de ideia e agora pretendo conquistar mais essa batalha! E eu sei que vou conseguir, msm que demore. Bjo gde
ResponderExcluirJoyce,
ResponderExcluireu tenho certeza de que se você quiser você conseguirá. E não estou sendo piegas. Digo isso baseada em nossa convivência profissional. Bjo e sucesso para nós!