O tempo é sempre curto. Não sei para os profissionais de outras áreas mas quem trabalha na Educação certamente compartilha dessa minha sensação.
Estamos sempre correndo, de uma sala de aula para outra, de uma pilha de provas para o computador, do planejamento das aulas para as queixas na sala dos professores... Enfim, o tempo já não parece ser suficiente simplesmente para "sermos". Sermos sujeitos que têm direito ao lazer, a estar com sua família e amigos, a um curso de atualização profissional, ao desfrute de um bom livro ou o simples direito ao ócio.
Somos cada vez menos nós mesmos. E, com isso, estamos perdendo nossas próprias identidades. Nossa identidade de professor, de educador, de alguém que quer participar na formação de outras identidades.
A jornada de trabalho a qual nós professores estamos submetidos (e aqui considero todos os níveis de ensino, inclusive o superior no qual atuo e vive uma cobrança cruel por produtividade) é a base para o desgaste de nossa profissão.
Tenho colegas que trabalham em três, quatro escolas diferentes, cada uma em uma região do estado do RJ. Há tempo para "ser"?
Esses mesmos professores estão submetidos a condições de trabalho absurdas. Como esperar que esses professores deem aulas de qualidade (sendo eles perfeitamente capacitados para tanto) em salas cuja temperatura ultrapassa os 40 oC?
Nunca fui professora que engrossa o coro dos "acomodados" que apenas fazem reclamar do magistério (da direção da escola, do governo, dos alunos, dos pais dos alunos...) pois prefiro dar minha resposta agindo. Porém, eu compreendo perfeitamente o cansaço que acomete aquele professor que leva seu trabalho a sério, que não fica satisfeito quando oferece seu mínimo, e que respeita seu aluno sempre. Quando esse cansaço bate, junto com ele vem o desânimo, a desesperança, a dúvida. Momentos como este qualquer professor já viveu. Eu já tive alguns. Mas passaram. Logo era recompensada com o carinho de uma turma, o desenvolvimento de um aluno, o resultado de um trabalho.
Porém, o tempo perdido foi perdido. Não volta.
E sigo me perguntando: quando nos permitiremos termos tempo para sermos aquilo que queremos?
É minha querida, o desânimo vem tomando conta de mim. Antes, era por conta dos baixos salários, excessiva cobrança na rede privada e a falta de apoio por parte da coordenação em relação ao relacionamento professor-aluno-família. Mas até agora tinha condições mínimas de dar aula com o mínimo de conforto, como um sala refrigerada ou simplesmente uma mesa para eu me sentar. Mas agora, visto a realidade de algumas escolas públicas, principalmente dos municípios mais afastados, não sei até quando irei conseguir continuar nessa área.Fica o meu desabafo.
ResponderExcluirJoyce, eu respeito demais seu desabafo e tem toda a minha compreensão.
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