Tenho o hábito de incorporar em minhas provas, geralmente a última do semestre, uma questão autoavaliativa na qual o aluno possa refletir sobre aspectos relacionados à sua aprendizagem (tanto conhecimentos adquiridos quanto eventuais dificuldades ou facilidades frente a determinados conteúdos e abordagens) e às possíveis contribuições que a disciplina trouxe para sua futura atuação como professor de Ciências e Biologia.
Para mim, ler as respostas dos alunos é sempre um momento prazeroso e emocionante. No primeiro período (em Laboratório do Ensino I), consigo perceber a evolução da concepção deles sobre o magistério e muitos daqueles (aliás, quase sempre a maioria) que não pretendiam ser professores passam a se colocar neste lugar e assumem tal postura em seus discursos. Também percebo um grande avanço em suas posturas antes ingênuas e pouco reflexivas - afinal, eles vieram de escolas que não os faziam pensar sobre saúde, ambiente e sexualidade relacionando-os com questões sociais e políticas - e que agora começam a despertar para um olhar crítico e questionador.
Já no quinto período, na disciplina de Metodologia do Ensino, os licenciandos já passaram por diversas disciplinas e têm mais clareza daquilo que pretendem ser e fazer em sala de aula quando se formarem. No entanto, este semestre me surpreendi com a maturidade de vários deles. E não estou falando de maturidade porque são mais velhos do que os alunos do primeiro período, refiro-me à maturidade acadêmica que vem sendo construída desde o início do curso. Esta turma participava ativamente das discussões em sala de aula e fora dela (já que fizemos uma delas via Internet) e com eles eu consegui perceber o que estava "funcionando" naquela disciplina e o que precisa (ainda) ser ajustado.
Nesse sentido, as respostas das autoavaliações são mais do que motivadoras e satisfatórias, uma vez que percebo que o meu trabalho está na direção correta (ou em acordo com os meus próprios princípios e filosofia educacionais). Elas são também um retorno concreto que possuo para repensar o uso de um ou outro texto na disciplina, sua forma de organização e as metodologias que tenho utilizado para guia-la.
Tenho notado que este momento é fundamental para que o nosso encontro, que se deu uma vez por semana ao longo de quatro meses presencialmente, se efetive. É quando o aluno escreve o que ele sente, analisa sua aprendizagem e o meu trabalho como professora sem pudor ou receio. Portanto, venho reafirmando a mim mesma e expondo aos meus alunos futuros professores a importância da autoavaliação criteriosa em nossas salas de aula. Afinal, se buscamos uma sociedade democrática de fato ela deve começar em nosso dia a dia, dentro do cotidiano da escola ou da universidade.